Nanotecnologia no Combate ao HIV: o Potencial das Nanopartículas de Prata

 O Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) foi uma verdadeira chaga nos anos 1980, desencadeando uma das pandemias mais notáveis do século XX. Essa doença marcou profundamente a memória das pessoas que viveram nesse período, pois a falta de conhecimento sobre seus aspectos fisiopatológicos e etiológicos resultou na ausência de um tratamento eficaz. Consequentemente, muitas figuras importantes, como Cazuza, Renato Russo, Freddie Mercury e Sandra Bréa, perderam a vida devido à doença, deixando um legado de conscientização sobre a gravidade do HIV.

 O HIV é um vírus que destrói os linfócitos T CD4+ (importantes células do sistema imunológico), aumentando drasticamente a vulnerabilidade do corpo a doenças oportunistas, como tuberculose, hepatite, meningite, entre outras.

Na contemporaneidade, o cenário em relação ao HIV é significativamente diferente. Avanços na medicina possibilitaram o desenvolvimento de terapias antirretrovirais (TARV) que, embora não curem a doença, conseguem controlar a replicação viral e permitir que pessoas vivendo com HIV tenham uma qualidade de vida próxima ao normal. Entretanto, segundo os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), tanto a infecção quanto a mortalidade associadas ao HIV têm apresentado um aumento substancial em comparação com décadas anteriores. Isso ocorre, em parte, porque a existência de tratamentos eficazes gerou uma falsa sensação de segurança, levando à diminuição dos cuidados preventivos por parte da população.

 Nesse contexto, muitos estudos e pesquisas continuam sendo realizados com o objetivo de desenvolver novas estratégias de prevenção e tratamento, além de buscar uma possível cura e, eventualmente, a erradicação da doença. Um estudo promissor utilizou nanopartículas de prata (AgNPs) e revelou que os íons de prata liberados pelas nanopartículas interagem diretamente com grupos de fósforo e enxofre de biomoléculas, como DNA e RNA.

 O mecanismo antiviral das nanopartículas de prata atua interferindo no ciclo de replicação viral em diferentes fases, como a ligação do vírus à membrana celular, a síntese de proteínas e a replicação de DNA e RNA. Além disso, foi observado que as nanopartículas impediram a entrada do HIV em células suscetíveis, ao interagir com as glicoproteínas da membrana plasmática (Figura 1).


Figura 1. Esquema ilustrando o esquema antiviral das nanopartículas de prata interferindo na ligação do vírus à membrana, na síntese de proteína e replicação de DNA (Figura adaptada de: https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/50756/1/Motoc_Ecaterina_Catalina.pdf).

Embora as nanopartículas de prata tenham apresentado uma atividade antiviral muito promissora contra o HIV, sua utilização apresenta certas desvantagens relacionadas à citotoxicidade. As nanopartículas podem induzir toxicidade celular, o que limita seu uso terapêutico. Por isso, é de extrema importância que os cuidados preventivos contra o HIV sejam mantidos e que mais estudos sobre as nanopartículas de prata sejam realizados com o propósito de contornar as desvantagens dessa tecnologia, uma vez que o (HIV) continua sendo uma doença extremamente perniciosa e ainda sem cura.

Para saber mais, acessa:

https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/50756/1/Motoc_Ecaterina_Catalina.pdf

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