Nanotecnologia Verde: Uma Nova Fronteira no Controle da Malária

 A malária é uma infecção parasitária causada pelo protozoário do gênero Plasmodium e é transmitida pelo mosquito fêmea do gênero Anopheles. Os principais sintomas dessa doença incluem convulsões (podendo ocorrer especialmente em crianças), insuficiência respiratória, hipoglicemia e falência dos órgãos. De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), o número de pessoas infectadas no mundo com essa doença em 2021 foi de 247 milhões, sendo que 619 mil foram a óbito, revelando uma taxa de mortalidade de 14,8 por 100.000 habitantes em risco. É importante salientar que a pandemia de COVID-19 contribuiu para o aumento desses dados de forma indireta, pois os serviços de saúde pública e as medidas de controle foram interrompidos.

A malária é típica de países de clima tropical e subtropical, geralmente nações em desenvolvimento, onde a doença é frequentemente negligenciada pelas autoridades internacionais de saúde, apesar de sua alta letalidade. Além disso, o Plasmodium falciparum, a espécie mais letal do protozoário, é predominante nos países do continente africano, onde a malária é um grave problema de saúde pública. Nesse contexto, é crucial que as autoridades mundiais invistam em pesquisas para desenvolver métodos terapêuticos eficazes no combate à malária, uma verdadeira chaga para muitos desses países. Embora os investimentos em pesquisa ainda sejam bastante limitados, um estudo muito promissor foi realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o qual utiliza a  nanotecnologia verde com o propósito de controlar o vetor da malária, isto é, o mosquito. 

 Neste estudo, foi realizada a biossíntese de nanopartículas utilizando uma combinação de extratos vegetais, como o citrus de limão, e soluções de sais metálicos de ouro (Au) e paládio (Pd). As nanopartículas resultantes mostraram atividade larvicida significativa contra Anopheles stephensi, um dos principais vetores da malária. Este mosquito tem a capacidade de se adaptar e prosperar em diferentes ambientes, inclusive em locais onde outros vetores não são comuns, tornando-o um alvo importante para o controle da transmissão da malária (Figura 1).


Figura 1: Esquema ilustrando a biossíntese  de nanopartículas e a sua atividade larvicida (Figura adaptada de: Moraes-de-Souza, I.; de Moraes, B.P.T.; Silva, A.R.; Ferrarini, S.R.; Gonçalves-de-Albuquerque, C.F. Tiny Green Army: Fighting Malaria with Plants and Nanotechnology. Pharmaceutics 2024, 16, 699. https://doi.org/10.3390/ pharmaceutics16060699)

Em suma, o uso de nanopartículas sintetizadas com extratos de plantas apresenta-se como uma estratégia altamente promissora e eficaz no controle da malária, aliado, evidentemente, com outras medidas de controle do vetor e métodos terapêuticos, tendo em vista que a malária é uma doença multifatorial e para a sua erradicação é necessária uma abordagem holística.

Para saber mais, acessar:https://www.mdpi.com/1999-4923/16/6/699

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