Resumo: Entre 1996 e 2006, a Espanha sofreu um aumento imobiliário sem precedentes que afectou principalmente os municípios costeiros. Este processo de intensa produção imobiliária tem sido sustentado sobre uma igualmente intensa demanda internacional. No entanto, passar em bicos de pés pelo papel desempenhado pelas dinâmicas e interesses locais neste processo supõe entender que os destinos tiveram um papel menos ativo do que realmente tiveram. De uma perspectiva relacional, o presente artigo destaca o papel que desempenharam determinados fatores locais no processo. Para tal, analisa de que forma interagiram e se retroalimentaram positivamente fatores como os elevados benefícios empresariais da construção, a descapitalização de setores económicos tradicionais, a corrupção urbanística, a sazonalidade turística, o sub-egistro populacional, o financiamento das administrações locais e o escasso peso das actividades ligadas mais directamente ao turismo.