Fonte: Revista Brasileira de Ecoturismo (RBEcotur); v. 12 n. 5 (2019): novembro/2019-janeiro/2020
Palavras-chave:
Conflitos Socioambientais; Populações Tradicionais; Co-gestão em Áreas Protegidas
Resumo: A presença de comunidades humanas nas Unidades de Conservação (UCs) é uma realidade em várias partes do território nacional, uma situação incompatível com a existência de áreas protegidas restritas. Este estudo analisou as comunidades humanas dentro dos Parques Nacionais Brasileiros. Os dados foram coletados por uma entrevista enviada aos gerentes dos Parques Nacionais com perguntas abertas. Os resultados forneceram informações sobre a relação entre comunidades humanas e a gestão do Parque Nacional. Os gerentes disseram que existem comunidades humanas em 58% dos Parques Nacionais e, destas, 69% são populações tradicionais. Portanto, quase 77% dos gestores consideram que as comunidades humanas causam impacto negativo na conservação, pois comunidades realizam ações contrárias à meta de conservação, como o uso direto de recursos naturais, caça, agricultura e desmatamento. Parte dos gerentes relata a existência de acordos formais ou informais com essas comunidades, que regulam sua permanência temporária na área, mas outros relatam que não há possibilidade ou interesse em estabelecer tais acordos, mostrando a existência de conflitos entre a gerência e as comunidades. A grande maioria dos gerentes percebe a presença de comunidades humanas como negativa nas UCs, afirmando que a solução seria realocar essas pessoas. Devido às dificuldades práticas e aos impactos sociais e culturais que eles podem causar, acredita-se que a maneira de minimizar esses conflitos possa ser o diálogo e o estabelecimento de pactos sociais que possibilitem a sobrevivência dessas comunidades e seus conhecimentos, bem como a conservação da natureza e da biodiversidade, que é o objetivo principal dos Parques Nacionais.