Resumo:
Este artigo analisa práticas de empreendedorismo de migrantes, incluindo refugiados, que são proprietários ou administram negócios vinculados à prestação de serviços e experiências de alimentação, hospitalidade, lazer, turismo e eventos. Baseado em dados empíricos coletados em São Paulo (Brasil), o estudo, do ponto de vista conceitual, aborda as formas através das quais imigrantes criam 'bens' culturais (englobando objetos materiais, serviços e experiências), que foram submetidos a processos de valoração. O artigo considera as práticas através das quais migrantes mobilizam identidades, histórias, e conhecimentos culturais específicos como recursos para a construção experiências. Ademais, diferenciamos cinco conjuntos de práticas: a objetificação do eu, a estetização da alteridade, autenticação de experiências gastronômicas em locais específicos, construção de locais de hospitalidade como espaços culturais e práticas de “vitrinização” (criando plataformas para a divulgação de talentos dos migrantes). Discutimos potenciais consequências dessas práticas para migrantes, consumidores, ambientes urbanos e seus residentes, e identificamos caminhos para pesquisas futuras.