Periódico: Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo
Fonte: Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo; v. 9 n. 1 (2015): janeiro/abril; 121-137
Palavras-chave:
Bakhtin. Infuncionalidade. Significações do ócio. Tempo de alteridade.
Resumo: Ao longo do último século, o ócio experimentou um processo de modernização e democratização, especialmente com a crise de uma sociedade centrada no trabalho – o período Pós-Revolução Industrial – e o surgimento de novas ideias que colocam o tempo livre, o ócio e o lazer no papel de elementos estruturantes do novo contexto social e como práticas para novos modos de vida. Neste trabalho, procuramos dar foco aos aspectos significativos da realidade e função do ócio em nossa época, esclarecendo sua relação com os processos de inovação pessoal, social e econômica, estabelecendo um equilíbrio de nossos atos no pensar o ócio e trabalho, e ócio e vida, a partir de diferentes ângulos de abordagem. Para analisar esse fenômeno, baseamo-nos em fontes científicas representativas na área, de modo a elaborarmos uma visão ampliada do assunto, a partir de contribuições da perspectiva bakhtiniana. Observamos que o aumento das opções de lazer, nas últimas décadas do século XX, somado ao crescimento dos estudos do fenômeno ócio e suas possibilidades, permitiu uma evolução de seus conceitos, desde atividades ou práticas ligadas ao consumo, ao ócio digital, até ser entendido como experiência que tem como chave de discussão o sujeito que vive essas experiências. Acreditamos que essa reflexão sobre o ócio abra possibilidades de entender seu espaço no campo das ciências sociais e humanas e, de forma especial, na sua contribuição a uma nova postura de produção relacional, que estimule uma sociedade que crie e inove bens e serviços e que aprofunde os estudos do ócio, desde o horizonte experiencial dinâmico até o direito à alteridade, ao tempo de alteridade – própria e do outro - enquanto “direito à infuncionalidade”, da escuta da palavra outra.