Resumo: O ato de comer extrapola o matar da fome. Cozinhar se torna história e linguagem nas sociedades onde está presente. Direcionar o olhar para a cidade de São Paulo nos envolve em uma narrativa de territórios gastronômicos desigualmente explorados. Os eixos ricos são constantemente explorados, deixando às margens o que ultrapassa os limites geográficos do centro da cidade. Nesse contexto, os guias gastronômicos ocupam um importante papel: qual história deve ser priorizada na escolha de nossas referências? Assim, pensado a partir de uma perspectiva política de valorização da comida de verdade, aquela “boa e barata”, surge o Prato Firmeza. Nele, os empreendimentos gastronômicos transbordam às margens do centro da cidade de São Paulo, alcançando a periferia e seus sujeitos. Como objetivo, visamos analisar a representatividade sociocultural expressada pelos guias gastronômicos a partir da comparação entre o Prato Firmeza e o Guia Michelin. O artigo apresenta caráter qualitativo, exploratório e descritivo, a partir de pesquisa bibliográfica e documental. Entre os principais resultados está a importância do guia Prato Firmeza como elemento de resistência à homogeneização cultural proposta pela globalização no contexto da gastronomia, traduzindo a realidade da periferia paulistana.