Resumo: O planejamento territorial participativo consiste na integração da população nas ações, planos e projetos bem como a oportunidade de proposições com relação ao território em que vivem. Por outro lado, o território usado onde ocorre as relações e interações humanas no meio social e físico é controlado pelos agentes hegemônicos que detém o meio técnico científico e informacional e utilizam o território para ganhos próprios sob uma estrutura capitalista que explora os indivíduos, separa e segrega criando desigualdades e impactos nestes locais. Não obstante, o distrito e destino turístico Trancoso na Bahia é controlado por esses agentes, representado pelas empresas do trade turístico que usam o território em detrimento do capital e ocasionam problemas e impactos. Tendo em vista esta questão, a pesquisa possui como objetivo problematizar como a participação dos residentes nas ações de planejamento do turismo pode contribuir para a mitigação da segregação socioespacial e dos impactos relacionados ao turismo em Trancoso. O estudo possui natureza descritiva exploratória, com uma abordagem qualitativa e o procedimento de coleta de dados através do questionário semiestruturado, aplicado de forma online em junho de 2023 com 31 residentes de Trancoso, que propiciou a criação de uma nuvem de palavras e quadros por meio da análise de conteúdo. Os resultados apontam que a forma como o turismo é planejado em Trancoso não inclui a população, conduz e intensifica a segregação socioespacial e os problemas locais. No entanto, a participação popular e cidadã no processo de planejamento do turismo pode contribuir para mitigação desses impactos, tendo em vista que a comunidade reconhece os problemas, entende que é preciso resolvê-los e identifica possíveis soluções, sendo necessária a descentralização do poder por parte da gestão municipal, aliado a devolução da autonomia distrital para os moradores, de modo que possam contribuir com ideias e proposições não pensadas e/ou efetivadas pelo poder público no distrito.