Fonte: Turismo: Visão e Ação; v. 27 (2025); e20517
Palavras-chave:
turismo; agroecologia; descolonialidade; Canela-RS, Brasil
Resumo: O presente artigo inicia por resgatar o desenho da economia colonial brasileira, estruturada no latifúndio, trabalho escravo e monocultura para exportação - colonialidade mantida mesmo após a independência política de Portugal -, no seu segundo momento discutindo a presença da agroecologia em décadas recentes, e sua interlocução com o turismo. A agroecologia, ao priorizar a produção local, com saberes locais e consumo no lugar, incentivaria possíveis diálogos com o decolonial e com o turismo. Assim, coloca-se como objetivo compreender historicamente a oferta agroecológica nesse viés, na sua contemporaneidade supondo o turismo, em estudo na região turística Serra Gaúcha [Brasil]. O estudo, de aporte qualitativo, após revisão bibliográfica, coletou dados documentais e em entrevistas com agentes locais na cidade de Canela-RS. A análise de dados indica que a adesão ao consumo de alimentos orgânicos certificados na cidade locus da pesquisa, ainda se dá timidamente pela população local, mas com maior ênfase por turistas de segunda residência, assim como por hotéis e restaurantes. Ao mesmo tempo, o grande capital se insere no mercado com o selo ‘ecológico’ ou assemelhados, desafiando as possibilidades decoloniais da agroecologia praticada na agricultura familiar.