Resumo: O Hospital do Amor (HA), antigo Hospital do Câncer de Barretos, faz referência a uma questão relevante e sensível: a importância do cuidado com as pessoas. Localizado no interior de São Paulo, é um dos maiores complexos da categoria na América Latina, destinado a pacientes oncológicos oriundos de todo o Brasil. Este trabalho buscou reconhecer e compreender a estrutura dos alojamentos (Al) e casas de apoio (CA), um conjunto de espaços alternativos de hospedagem que se constituiu para acolher pessoas que viajam a Barretos para tratamento médico. Este esforço de compreensão se deu a partir da análise das dinâmicas socioespaciais urbanas resultantes da maneira de funcionamento dessas unidades e de sua interação com o HA. A forma tradicional como se organizam as cidades para hospedar quem chega e a prática ética da hospitalidade são as categorias que orientam o olhar para a miríade de mobilidades associadas ao turismo médico em Barretos. A pesquisa, qualitativa, baseou-se em entrevistas, em visitas e em observação participante, e no acompanhamento de fluxos de serviços. Notou-se um grau reduzido de interação dos usuários dos Al e CA com o ambiente urbano, sendo esta interação induzida majoritariamente por mobilidades mandatórias, como idas e vindas ao hospital, deslocamentos intermunicipais e interestaduais e movimentações em direção a equipamentos de apoio como farmácias, igrejas e comércio local. Outra constatação é a do reconhecimento das mobilidades como protagonistas neste processo de cuidado em saúde no território, que estrutura sociabilidades e coloca a hospitalidade no coração da vida social.