Fonte: Turismo, Sociedade & Território; v. 3 n. 1 (2021); e26898
Palavras-chave:
Religiosidade Popular; Capelas de Ossos; Corpos incorruptos
Resumo: Pretende-se com este estudo, de natureza teórica e histórica, reflectir sobre práticas culturais religiosas relacionadas com a morte. Apresentamos dois estudos de caso, que constituem duas formas populares de devoção: a dos corpos incorruptos, nomeadamente o culto a 'santa' Maria Adelaide, e as capelas de ossos, em particular as de Évora e Campo Maior. Discutimos a atracção que a morte exerce sobre os vivos e procuramos destrinçar a estranha mistura que parece existir entre os sentimentos religiosos e o apelo do macabro nos casos seleccionados. Tentamos comprender ainda se estes são casos que se podem inserir na categoria de turismo negro, como entendida pelos estudiosos deste campo. Fica uma ideia chave: diante da morte e da sua inevitabilidade, o homem é colocado perante a questão da efemeridade da vida e estas ideias ocupam os seus pensamentos (e acções); a forma como dirigem a sua devoção – e sobretudo a devoção popular – são bem ilustrativos deste facto.