Resumo: O presente artigo procura refletir sobre os desafios da retomada do turismo em tempos de pandemia. Como ponto de partida, o texto apresenta algumas ações de demarketing (Kotler & Levy, 1971) veiculadas em março de 2020, que conclamavam os turistas a não viajarem durante o período da pandemia para destinos turísticos. Indexadas pelas hashtags #visitedepois, #visitlater, #yomequedoencasa, #fiqueemcasa, #stayhome, as campanhas “para não ir” apontam para a principal questão da investigação: como a atividade do turismo vai dar conta da circulação de pessoas em busca do escape à vida ordinária (Urry, 2001), ao mesmo tempo em que a própria circulação desses sujeitos é vetor potencial de contaminação por COVID-19? Orientado por uma abordagem metodológica hermenêutica (Thompson, 2000; Nogueira, 2015), em termos teóricos o artigo trabalha com um referencial multidisciplinar e coloca em diálogo autores das áreas de Turismo da Comunicação Social, das Ciências Sociais e do Marketing (Urry, 1995; 2001; 2007; Urry & Larsen, 2011; Bessa & Alvarez, 2014; Freire-Medeiros, 2007; Esteves, 2016; Harvey, 1996; entre outros), para analisar o caso da Região da Catalunha, na Espanha. A campanha “Visit Catalonia Later” e, posteriormente, a ação global de marketing chamada “Catalunya és Casa Teva”, mostraram claramente os desafios do turismo em tempos de pandemia, a partir do momento em que o sucesso de uma ação de marketing de lugares pode indicar, como nesse caso, um fracasso sanitário que colocou em risco toda a população do país.