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Um Pedaço do Brasil: As Rodas de Samba como Espaços de Lazer – O Quintal do Divina Luz
 
     Um Pedaço do Brasil: As Rodas de Samba como Espaços de Lazer – O Quintal do Divina Luz
     
     


Autor(es):
Alves, Guilherme Velloso


Periódico: Licere

Fonte: LICERE - Revista do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Estudos do Lazer; v. 13 n. 4 (2010): dezembro

Palavras-chave:
Lazer; Cultura; Sociabilidade; Espaço de Lazer; Roda de Samba; Samba


Resumo: Esse estudo tem como objetivo descrever e analisar como espac?os de lazer as rodas de samba da cidade de Belo Horizonte, a partir da compreensa?o do contexto em que esta?o inseridas e dos comportamentos dos atores que as frequ?entam. Para tanto, inicialmente foi feita uma revisa?o da literatura buscando revelar o percurso histo?rico trac?ado pelo ge?nero musical samba e por suas formas de manifestac?a?o, notadamente a roda de samba. Um pequeno histo?rico das rodas de samba da capital de Minas Gerais foi levantado para possibilitar o entendimento das transformac?o?es sofridas por essa pra?tica de lazer e compreender algumas das circunsta?ncias que contribui?ram e/ou contribuem para que as rodas de samba de hoje tenham determinados contornos, e na?o outros. A grande visibilidade que tem a roda de samba hoje em Belo Horizonte iniciou-se com as rodas da de?cada de 1980. De la? pra ca? veio se formando um circuito de samba, possibilitando o surgimento de va?rios artistas, grupos e casas de samba, estimulando a formac?a?o de um pu?blico consumidor de samba e a gerac?a?o de redes de trabalho e sociabilidade ao redor dessa manifestac?a?o. Em seguida, adotou-se uma abordagem antropolo?gica que, por meio de um estudo do tipo etnogra?fico, oportunizou a descric?a?o e a ana?lise das redes de sociabilidade construi?das ao redor das rodas de samba, bem como das formas de uso e apropriac?a?o do espac?o e do comportamento dos atores sociais ali presentes. Para entender a roda de samba como um espac?o de lazer foi adotado o conceito de pedac?o proposto por Magnani. Um desses pedac?os foi analisado mais de perto, o que propiciou uma maior acuidade na percepc?a?o dos contornos de uma roda de samba. O pedac?o destacado foi o Quintal do Divina Luz, onde acontece a Roda Viva, projeto que na?o so? constitui-se em mais uma oferta de trabalho para os organizadores, mas tambe?m oportuniza o contato com um reperto?rio singular, formado por mu?sicas de sambistas que esta?o obliterados pelos meios de comunicac?a?o, bem como por composic?o?es autorais dos pro?prios mu?sicos que tocam na roda e de outros compositores da cena belo-horizontina. O aspecto de quintal que ainda possui o referido pedac?o e? usado como um diferencial em relac?a?o a outras casas de samba de BH. Ha?, entretanto, uma tensa?o estabelecida entre a vontade de manter a apare?ncia “tradicional” e todo o benefi?cio de “imagem institucional” que esse aspecto ru?stico e caseiro do quintal pode trazer e, por outro lado, “modernizar” o espac?o visando oferecer mais conforto ao pu?blico, uma melhor prestac?a?o de servic?os e a pro?pria manutenc?a?o do pedac?o em funcionamento, o que passa por investimentos no isolamento acu?stico do Quintal do Divina Luz. A ambigu?idade naquele pedac?o vai ale?m da remodelac?a?o espacial, revelando-se tambe?m na coexiste?ncia do profissionalismo e do amadorismo. Dessa forma, foi possi?vel, a partir de um olhar mais detido sobre uma das formas de apresentac?a?o do samba, a roda de samba, levantar algumas relac?o?es entre lazer e samba, bem como gerar subsi?dios para o entendimento da conformac?a?o da cultura na contemporaneidade.