Resumo: O turismo é um dos fatores de aceleração do desenvolvimento contemporâneo, e de intensificação das relações sociais, típicas do modo de produção capitalista. Trata-se de atividade que necessita do uso e da apropriação de ambientes naturais e culturais, produzidos pelo trabalho, para transformá-lo em espaço de lazer e consumo. Faz parte da dinâmica atual da mundialização do capital, que cria territo- rialidades, como forma de responder às crises da acumulação global, envolvendo, além do mercado, o Estado e a Sociedade Civil. É ainda um serviço de suporte à recuperação do trabalho humano, ao pro- gressivo crescimento das relações do trabalho industrial, comercial e financeiro dos diversos mercados internacionais, além de, enquanto produto de exportação, constituir-se em uma das principais mercado- rias do comércio exterior. É um setor afeito a mitologias, ora é considerado panacéia capaz de resolver os problemas socioeconômicos dos países periféricos, ora é interpretado como indústria selvagem, capaz de destituir comunidades de suas marcas identitárias e de sentimentos de pertença. Há, pois, na atividade turística, elementos contraditórios. Este artigo reflete sobre os significados, contradições e desafios rela- tivos à sustentabilidade do turismo, em face dos significados do desenvolvimento adotados pelas políticas governamentais e sua desconexão com as políticas de cultura que podem contribuir, em valores e diretrizes, para a construção do turismo solidário, voltado para o fomento da diversidade cultural e quali- dade de vida das populações.