Por Lucas Moura e Caio Novais
Quanto mais os computadores se tornam parte do dia-a-dia, mais o mercado de produtos de software se expande. Com isso, entram em cena as grandes empresas de tecnologia, como a Google, para suprir essa enorme demanda e financiar o desenvolvimento de inovações na área.
Entretanto, essa grande correlação entre o progresso tecnológico e o capitalismo vem com um enorme preço: a liberdade do usuário. A maioria dos programas de uso popular são o que se denomina “software proprietário”, pois seu uso só pode ocorrer de acordo com as limitações e condições impostas pela empresa que o criou. Sendo assim, os usuários ficam totalmente passíveis de possíveis censuras, violações de privacidade e outros tipos de abuso nas mãos dos desenvolvedores.
Em oposição ao software privativo, temos os programadores que seguem a filosofia do “software livre”, que reconhece a propriedade de aplicativos como um instrumento de poder injusto do desenvolvedor sob o usuário.
Primeiramente, é importante definir e explorar as origens do termo “software livre”. O conceito se refere tanto a um tipo de programa quanto a uma linha de pensamento, que prega a total liberdade de execução, estudo (acesso ao código fonte), modificação e distribuição de um software pelo usuário. Suas origens se encontram nos anos 80, quando Richard Stallman precisou comprar uma nova impressora enquanto trabalhava no Laboratório de Inteligência Artificial do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e precisava conhecer o código fonte do produto para continuar sua pesquisa, algo que a empresa fabricante se recusava a compartilhar com o público.
Stallman é um programador que começou sua carreira no MIT e tinha desejo de colaborar e desenvolver software em conjunto com outras pessoas que tinham a mesma vontade, embora a maioria dos softwares na década de 80 já fossem proprietários. Esse desejo deu origem ao projeto GNU, um Sistema Operacional (SO) livre.
O então programador do MIT conseguiu concluir seu projeto, mas faltava uma parte que o seu grupo não conseguiu concluir, o kernel – o coração do computador, aquele que controla tudo no sistema, a ponte entre os aplicativos de software e o hardware. Essa peça importante, não concluída por Richard, foi bem confeccionada por um jovem chamado Linus Torvalds. Linus criou o que vinha então a ser chamado de Linux, junção do primeiro nome do jovem programador com o nome do sistema operacional usado na época, Unix.
Assim sendo, Richard Stallman e sua equipe reivindicam que o nome adequado para o SO deveria ser GNU/Linux, pela sua grande parcela no projeto. Mas, por simplicidade, ao longo deste artigo nos referimos a ele apenas como Linux.
Qual distribuição escolher?
Primeiramente é importante deixar claro o que é uma distribuição Linux. Uma distribuição nada mais é do que um sistema operacional criado a partir de uma coleção de softwares, que é baseado em outros sistemas operacionais. Por exemplo, o Ubuntu, sistema operacional Linux bastante conhecido, é derivado de outro sistema operacional Linux, o Debian. É como se existisse uma família dos sistemas operacionais, onde você pode escolher o sistema (distribuição) que mais te agrada.
Vamos falar a seguir de algumas das distribuições mais populares. É importante lembrar que não existe uma distribuição melhor que outra, e sim aquela que mais se encaixa ao perfil de cada usuário. O benefício do Linux está na flexibilidade de modificação para que se adeque ao gosto de cada um.
Tipos de distribuições
Mint
O Linux Mint é um sistema operacional amigável para aqueles que estão procurando uma alternativa ao SO da Microsoft. Esta distribuição do Linux tem uma interface parecida com a do Windows e é bem simples de utilizar, pois ela tem aplicativos que agradam um usuário comum: player de música e vídeo, gerenciador de pacotes, gerenciador de impressoras, entre outros.
Ubuntu
O Ubuntu é uma das distribuições mais utilizadas, haja vista que é bem estável, está em constante atualização e possui bons aplicativos pré-instalados, como o navegador Firefox e o Gimp, um software de edição de imagens bem completo. A sua interface padrão não é parecida com a do Windows, mas para quem está tentando se aventurar no mundo Linux sem muitas dificuldades, essa pode ser uma boa opção, pois é uma distribuição que tem como objetivo ser fácil para o usuário iniciante.
Fedora
O Fedora é uma distribuição que serve de base pro Red Hat Enterprise Linux – uma distribuição de propósito mais profissional que não iremos abordar neste artigo. Essa distribuição linux usa a mesma interface do Ubuntu, então não há muita diferença no visual das duas. A diferença está nos aplicativos que estão instalados. O Fedora conta, por exemplo, com o reprodutor de vídeo VLC e com o LibreOffice, alternativa interessante para os usuários do Microsoft Office.
Arch Linux
Uma distribuição simples, leve e flexível. O Arch Linux vem praticamente “puro”, sem aplicativos pré-instalados e pronto para modificações do usuário. Definitivamente não é uma distribuição para iniciantes, pois a sua instalação demanda um certo conhecimento prévio sobre o linux, mas se destaca no desempenho e chama bastante atenção dos usuários que adoram o mundo do software livre. Além disso, usuários do Arch Linux podem desfrutar do AUR (Arch User Repository), repositório impulsionado pela comunidade, que nada mais é do que uma maneira de conseguir pacotes que são desenvolvidos e disponibilizados pela comunidade. É possível saber mais sobre o Arch como um todo na wiki do Arch Linux.
Manjaro
Essa distribuição vem com o propósito de ser uma distribuição amigável para aqueles que gostam do Arch Linux. O manjaro é baseado no Arch Linux, mas sem toda sua dificuldade de instalação e com aplicativos prontos para uso. É uma boa opção para quem deseja experimentar um pouco do Arch, mas que não pretende se aventurar na instalação do sistema operacional. Essa distribuição é bem mais completa que seu “pai” e vem com aplicativos interessantes como o navegador Firefox e o aplicativo de captura de imagem/vídeo Cheese. Uma grande vantagem do Manjaro em relação às primeiras versões apresentadas é que o Manjaro tem acesso ao AUR, já que é baseado no Arch Linux.
REFERÊNCIAS
GNU. Free Software Foundation. Disponível em: https://www.gnu.org/gnu/gnu.pt-br.html. Acesso em: 20 de jun, de 2022
GNU. Free Software Foundation. Free Software Philosophy. Disponível em: https://www.gnu.org/philosophy/free-sw.en.html. Acesso em: 20 de jun, de 2022
Bacic, N. M., & Vasconcelos, L. A. T. (ano). ASPECTOS ESTRATÉGICOS E DE CUSTOS RELACIONADOS À MIGRAÇÃO DE SOFTWARE PROPRIETÁRIO PARA SOFTWARE LIVRE. In: Anais do Congresso Brasileiro de Custos – ABC. Disponível em: https://anaiscbc.emnuvens.com.br/anais/article/view/2289. Acesso em: 15 de jun, de 2022
MOTA FILHO, João Eriberto. Descobrindo o Linux – 3ª Edição: Entenda o sistema operacional GNU/Linux. Novatec Editora 2012